Em Jataí
é proibido fazer xixi.
Em Catiporã
é proibido casar com rã.
Em Jaboticabal
é proibido comida com sal.
Em Salvador
é proibido sentir dor.
Em São Expedito
é proibido comer mosquito.
Em Guarabobô
é proibido fazer cocô.
Em Guaxupé
é proibido cheirar chulé.
Em Aquidauir
é proibido proibir.
Sergio Capparelli.
Caiu na
fumaça,
ficou sufocado.
Coitado
do gato malhado!
Morreu defumado!
Maria
Dinorah
Coelho não
bota ovo,
quem bota ovo é galinha.
Mas eu conheço um coelho
que é mesmo uma maravilha.
Os ovos que ele bota,
você nem imagina.
São ovos de chocolate
ou ovos de baunilha.
Por isso, nosso coelho
foi expulso da família.
O pai dele disse: - Meu filho,
isso é coisa de galinha.
O coelho respondeu rapidamente:
- Meu pai eu não tenho culpa,
botar ovo é meu destino.
Se não posso botar ovos em casa,
prefiro botar sozinho.
E foi assim que o coelho
saiu de casa para a rua,
botando ovo na Páscoa,
no sonho de todo mundo.
Paulo
Leminski
De
repente
Ao lembrar dos brinquedos queridos
Que ficaram esquecidos
Dentro do armário
Me bate uma saudade
Me bate uma vontade
De voltar no tempo
De voltar ao passado
Mas nada acontece
Nada parece acontecer
E eu choro
Choro como o bebê que fui
E a criança que quero voltar a ser
Não quero crescer!
Clarice Pacheco
João joga
um palitinho de sorvete na
rua de Teresa que joga uma latinha de
refrigerante na rua de Raimundo que
joga um saquinho plástico na rua de
Joaquim que joga uma garrafinha
velha na rua de Lili.
Lili joga
um pedacinho de isopor na
rua de João que joga uma embalagenzinha
de não sei o que na rua de Teresa que
joga um lencinho de papel na rua de
Raimundo que joga uma tampinha de
refrigerante na rua de Joaquim que joga
um papelzinho de bala na rua de J. Pinto
Fernandes que ainda nem tinha
entrado na história.
Ricardo
Azeredo
Eu sou
pequeno, me dizem,
e eu fico
muito zangado.
Tenho de
olhar todo mundo
com o
queixo levantado.
Mas, se
formiga falasse
e me
visse lá do chão,
ia dizer,
com certeza:
- Minha
nossa, que grandão!
Pedro
Bandeira
Tenho
quatro guarda-chuvas
todos os quatro com defeito;
Um emperra quando abre,
]outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário
seu eu abro sem ter cuidado.
Outro, então, solta as varetas
e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino,
pra carregar por aí;
Porém, toda vez que chove,
eu descubro que esqueci...
Por isso, não falha nunca:
se começa a trovejar,
nenhum dos quatro me vale -
eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
Que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas
que não me servem de nada;
Quando chove de repente,
acabo toda encharcada.
E que fria cai a água
sobre a pele ressecada!
Ai...
Rosana
Rios
Tenho um
robot cozinheiro,
que cozinha com amor.
Queria ir à fruteira
Mas entrou no ferrador.
E depois, muito confuso,
cozinhou uns chinelos
e um prato de parafusos
no lugar de três marmelos.
Um bolo feito de roscas
decorado com ameixas.
E uma tarte de pregos
com gosto a laranjas frescas.
Mais rodelas de manteiga.
"Que faço com este robot?",
pergunto-me todo dia,
que entrou no ferrador
em vez de entrar na frutaria."
Autor
desconhecido
Drome, drome
Dromedário
As areias
Do deserto
Sentem sono,
Estou certo.
Drome, drome
Dormedário
Fecha os olhos
O beduíno,
Fecha os olhos,
Está dormindo.
Drome, drome
Dromedário
O frio da noite
Foi-se embora,
Fecha os olhos
Dorme agora.
Drome, drome
Dromedário
Dorme, dorme,
A palmeira,
Dorme, dorme,
A noite inteira.
Drome, drome
Dromedário
Foi-se embora
O cansaço
E você dorme
No meu braço.
Drome, drome
Dromedário
Drome, drome
Dromedário
Drome, drome
Dromedário.
Sérgio
Capparelli
Ou se tem
chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Mãe? O que é mãe?
Pessoa doce?
Tão doce
Que faz passar vergonha
Doce de batata-doce?
Mãe? O que é mãe?
Tão doce
Que se parte
Quando parte,
Melhor seria
Se não fosse.
Mãe? O que é mãe?
Luz muito clara,
Tão clara
Que nos aclara
E, afagando,
nos ampara?
Mãe? O que é mãe?
Tão doce? Tão severa
Se a gente erra!
E que empurra
Se tudo emperra.
Mãe severa?
Mãe doce?
Ou mãe fera?
Nesse teu dia
Te dou jasmim,
Te dou gladíolos,
Te dou beijim,
Assim assado,
Assim, assim.
Sérgio
Capparelli
No Brasil
ou lá na China,
na Alemanha ou na Espanha,
tem menino e tem menina
que só sabem fazer manha.
Português,
chinês,
alemão,
espanhol,
etc. e tal.
Não importa a língua falada,
em todo canto do planeta
tem criança birrenta:
não quer isso nem aquilo,
não gosta de nada,
enjoada!
Há quem diga
que o remédio
na dose bem certa,
pra acabar
com a manha
de criança mimada
- como dizia Cecília,
grande poeta -
é uma boa
palmada.
Mas também
há quem diga
que a receita
não é essa,
e só acredita...
numa boa
conversa!
E você, o que
é que acha?
Sônia Barros
o mar ensina
o equilíbrio-desequilíbrio
dos barcos
a rota da calma e do vento
o mar ensina horizontes
vôo e mergulho
o mar ensina tempestade
e silêncio
Roseana
Murray
A leitura é muito mais
do que decifrar palavras
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender
vai ler nas folhas do chão
se é outono ou verão;
nas ondas soltas do mar
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa
se trabalha ou se é à-toa
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou se vai lento;
e também no calor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens no céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas,
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos tem segredos
difíceis de decifrar
Ricardo Azeredo
Menino - madruga
o pomar não foge!
(pitangas maduras
dão água na boca.)
Menino descalço
Não olha onde pisa.
Trepa pelas árvores
Agarrando pêssegos.
(Pêssegos macios
como paina e flor.
Dentadas de gosto!)
Menino, cuidado,
jabuticabeiras
novinhas em folha
não agüentam peso.
Rebrilha, cem olhos
agrupados, negros.
E as frutas estalam
- espuma de vidro -
nos lábios de rosa.
Menino guloso!
Menino guloso,
Ontem vi um figo
mesmo que um veludo,
redondo, polpudo,
E disse: este é meu!
Meu figo onde está?
- Passarinho comeu,
passarinho comeu...
Henriqueta Lisboa
Vende-se
uma casa encantada
no topo da mais alta montanha.
Tem dois amplos salões
onde você poderá oferecer banquetes
para os duendes e anões
que moram na floresta ao lado.
Tem jardineiras nas janelas
onde convém plantar margaridas.
Tem quartos de todas as cores
que aumentam ou diminuem
de acordo com o seu tamanho
e na garagem há vagas.
Roseana
Murray
Os poemas
são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro de quem lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mario
Quintana
Andorinha
no fio
escutou um segredo.
Foi à torre da igreja,
cochichou com o sino.
E o sino bem alto:
delém-dem
delém-dem
delém-dem
dem-dem!
Toda a cidade
ficou sabendo.
Henriqueta
Lisboa
Nenhum de
vocês, meninos,
Algum dia pôde ver
Como se fazem pipocas?
Pois, então, eu vou dizer:
Pega-se o milho branquinho,
Na panela se coloca,
Por sobre o óleo fervente.
(É assim que se faz pipoca.)
Quando o milho está lá dentro,
Deve a panela ficar
Bem fechada, pois, senão,
Todo o milho vai saltar.
Daí a pouco, escutamos,
Na tampa, fortes batidas:
São as pipocas que pulam
Prontas pra serem comidas.
Tiradas da caçarola,
Sal nós vamos polvilhar,
E, depois - última etapa -
Só precisamos provar.
Entretanto, se quiserem
Comer pipocas de um modo
Mais cômodo, mais ligeiro,
É fácil: cheguem à calçada
E...chamem o pipoqueiro.
Maria de
Lourdes Figueiredo
Caminho
de formiguinhas
fiozinho
de caminho.
Caminho
de lá vai um,
atrás de
uma lá vai a outra.
Uma duas
argolinhas,
corrente
de formiguinhas.
Corrente
de formiguinhas,
centenas
de pontos pretos,
cabecinhas
de alfinete
rezando
contas de terço.
Nas
costas das formiguinhas
de
corentinhas fininhas
Pesam
grandes folhas mortas
que
oscilam a cada passo.
Nas
costas das formiguinhas
que lá
vão subindo o morro
igual ao
morro da igreja,
folhas
mortas são andores
Nesta
Procissão dos Passos.
Henriqueta
Lisboa
Pára a
chuva
A terra
acorda
E arruma
a casa.
Acende
rosas,
Abre
dálias
E pinta
hibiscos.
Atrás do
morro
O céu
desponta,
É
madrugada.
Sérgio
Capparelli
Meus galhos
Sobem até o vidro da tua janela
E pedem para entrar.
E ali ficam:
O vento empurra as estações
E pinta de branco meus cabelos.
De vez em quando,
Vejo caírem lentamente
As flores do pessegueiro.
Sérgio Capparelli
Vamos cuidar
Da mãe Natureza
Preservando a vida
Do nosso Planeta.
Não desperdicem água
Para não faltar
Separe todo lixo
Para reciclar.
Não destruam as matas
Árvores e flores
Que enfeitam o mundo
Com as suas cores.
Não poluam o ar
Isso não é legal
Na certa vai causar
O aquecimento global.
Vamos trabalhar
Nessa tarefa urgente
Para preservar
O nosso meio ambiente.
Leila Maria Grillo
Cantador canta tristeza,
canta alegria também.
É de sua natureza
cantar o mal e o bem.
Pois ele tem dentro dele
o canto que o canto tem...
Por isso, se o mar secar,
se cobra comprar sapato,
se cachorro virar gato,
se o mudo puder falar,
Se a chuva chover pra cima,
se barata for grã-fina,
Quando o embaixador for em cima,
Cantador vai se calar.
Ruth
Rocha
Ei, Coronel,
Cabeça de papel!
Deixa de moleza
E cuida da natureza!
Quem derrubou a mata?
Quem os peixes mata?
Quem polui o mar?
E envenena o ar?
Um, dois, três, quatro!
Salva peixe,
salva bicho,
Salva gente,
Salva mato!
Cinco, seis, sete e oito!
Depois da vigília
Café com biscoito.
Maria
Dinorah
Em Catiporã
é proibido casar com rã.
Em Jaboticabal
é proibido comida com sal.
Em Salvador
é proibido sentir dor.
Em São Expedito
é proibido comer mosquito.
Em Guarabobô
é proibido fazer cocô.
Em Guaxupé
é proibido cheirar chulé.
Em Aquidauir
é proibido proibir.
Sergio Capparelli.
ficou sufocado.
Coitado
do gato malhado!
Morreu defumado!
Maria Dinorah
quem bota ovo é galinha.
Mas eu conheço um coelho
que é mesmo uma maravilha.
Os ovos que ele bota,
você nem imagina.
São ovos de chocolate
ou ovos de baunilha.
Por isso, nosso coelho
foi expulso da família.
O pai dele disse: - Meu filho,
isso é coisa de galinha.
O coelho respondeu rapidamente:
- Meu pai eu não tenho culpa,
botar ovo é meu destino.
Se não posso botar ovos em casa,
prefiro botar sozinho.
E foi assim que o coelho
saiu de casa para a rua,
botando ovo na Páscoa,
no sonho de todo mundo.
Paulo Leminski
rua de Teresa que joga uma latinha de
refrigerante na rua de Raimundo que
joga um saquinho plástico na rua de
Joaquim que joga uma garrafinha
velha na rua de Lili.
rua de João que joga uma embalagenzinha
de não sei o que na rua de Teresa que
joga um lencinho de papel na rua de
Raimundo que joga uma tampinha de
refrigerante na rua de Joaquim que joga
um papelzinho de bala na rua de J. Pinto
Fernandes que ainda nem tinha
entrado na história.
todos os quatro com defeito;
Um emperra quando abre,
]outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário
seu eu abro sem ter cuidado.
Outro, então, solta as varetas
e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino,
pra carregar por aí;
Porém, toda vez que chove,
eu descubro que esqueci...
Por isso, não falha nunca:
se começa a trovejar,
nenhum dos quatro me vale -
eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
Que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas
que não me servem de nada;
Quando chove de repente,
acabo toda encharcada.
E que fria cai a água
sobre a pele ressecada!
Ai...
Rosana Rios
que cozinha com amor.
Queria ir à fruteira
Mas entrou no ferrador.
E depois, muito confuso,
cozinhou uns chinelos
e um prato de parafusos
no lugar de três marmelos.
Um bolo feito de roscas
decorado com ameixas.
E uma tarte de pregos
com gosto a laranjas frescas.
Mais rodelas de manteiga.
"Que faço com este robot?",
pergunto-me todo dia,
que entrou no ferrador
em vez de entrar na frutaria."
Autor desconhecido
As areias
Do deserto
Sentem sono,
Estou certo.
Drome, drome
Dormedário
Fecha os olhos
O beduíno,
Fecha os olhos,
Está dormindo.
Drome, drome
Dromedário
O frio da noite
Foi-se embora,
Fecha os olhos
Dorme agora.
Drome, drome
Dromedário
Dorme, dorme,
A palmeira,
Dorme, dorme,
A noite inteira.
Drome, drome
Dromedário
Foi-se embora
O cansaço
E você dorme
No meu braço.
Drome, drome
Dromedário
Drome, drome
Dromedário
Drome, drome
Dromedário.
Sérgio Capparelli
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Mãe? O que é mãe?
Pessoa doce?
Tão doce
Que faz passar vergonha
Doce de batata-doce?
Mãe? O que é mãe?
Tão doce
Que se parte
Quando parte,
Melhor seria
Se não fosse.
Mãe? O que é mãe?
Luz muito clara,
Tão clara
Que nos aclara
E, afagando,
nos ampara?
Mãe? O que é mãe?
Tão doce? Tão severa
Se a gente erra!
E que empurra
Se tudo emperra.
Mãe severa?
Mãe doce?
Ou mãe fera?
Nesse teu dia
Te dou jasmim,
Te dou gladíolos,
Te dou beijim,
Assim assado,
Assim, assim.
Sérgio Capparelli
na Alemanha ou na Espanha,
tem menino e tem menina
que só sabem fazer manha.
Português,
chinês,
alemão,
espanhol,
etc. e tal.
Não importa a língua falada,
em todo canto do planeta
tem criança birrenta:
não quer isso nem aquilo,
não gosta de nada,
enjoada!
Há quem diga
que o remédio
na dose bem certa,
pra acabar
com a manha
de criança mimada
- como dizia Cecília,
grande poeta -
é uma boa
palmada.
Mas também
há quem diga
que a receita
não é essa,
e só acredita...
numa boa
conversa!
E você, o que
é que acha?
Sônia Barros
o mar ensina
o equilíbrio-desequilíbrio
dos barcos
a rota da calma e do vento
o mar ensina horizontes
vôo e mergulho
o mar ensina tempestade
e silêncio
Roseana Murray
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender
vai ler nas folhas do chão
se é outono ou verão;
nas ondas soltas do mar
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa
se trabalha ou se é à-toa
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou se vai lento;
e também no calor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens no céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas,
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos tem segredos
difíceis de decifrar
Ricardo Azeredo
o pomar não foge!
(pitangas maduras
dão água na boca.)
Menino descalço
Não olha onde pisa.
Trepa pelas árvores
Agarrando pêssegos.
(Pêssegos macios
como paina e flor.
Dentadas de gosto!)
Menino, cuidado,
jabuticabeiras
novinhas em folha
não agüentam peso.
Rebrilha, cem olhos
agrupados, negros.
E as frutas estalam
- espuma de vidro -
nos lábios de rosa.
Menino guloso!
Menino guloso,
Ontem vi um figo
mesmo que um veludo,
redondo, polpudo,
E disse: este é meu!
Meu figo onde está?
- Passarinho comeu,
passarinho comeu...
Henriqueta Lisboa
no topo da mais alta montanha.
Tem dois amplos salões
onde você poderá oferecer banquetes
para os duendes e anões
que moram na floresta ao lado.
Tem jardineiras nas janelas
onde convém plantar margaridas.
Tem quartos de todas as cores
que aumentam ou diminuem
de acordo com o seu tamanho
e na garagem há vagas.
Roseana Murray
não se sabe de onde e pousam
no livro de quem lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana
escutou um segredo.
Foi à torre da igreja,
cochichou com o sino.
E o sino bem alto:
delém-dem
delém-dem
delém-dem
dem-dem!
Toda a cidade
ficou sabendo.
Henriqueta Lisboa
Algum dia pôde ver
Como se fazem pipocas?
Pois, então, eu vou dizer:
Pega-se o milho branquinho,
Na panela se coloca,
Por sobre o óleo fervente.
(É assim que se faz pipoca.)
Quando o milho está lá dentro,
Deve a panela ficar
Bem fechada, pois, senão,
Todo o milho vai saltar.
Daí a pouco, escutamos,
Na tampa, fortes batidas:
São as pipocas que pulam
Prontas pra serem comidas.
Tiradas da caçarola,
Sal nós vamos polvilhar,
E, depois - última etapa -
Só precisamos provar.
Entretanto, se quiserem
Comer pipocas de um modo
Mais cômodo, mais ligeiro,
É fácil: cheguem à calçada
E...chamem o pipoqueiro.
Maria de Lourdes Figueiredo
Da mãe Natureza
Preservando a vida
Do nosso Planeta.
Não desperdicem água
Para não faltar
Separe todo lixo
Para reciclar.
Não destruam as matas
Árvores e flores
Que enfeitam o mundo
Com as suas cores.
Não poluam o ar
Isso não é legal
Na certa vai causar
O aquecimento global.
Vamos trabalhar
Nessa tarefa urgente
Para preservar
O nosso meio ambiente.
canta alegria também.
É de sua natureza
cantar o mal e o bem.
Pois ele tem dentro dele
o canto que o canto tem...
Por isso, se o mar secar,
se cobra comprar sapato,
se cachorro virar gato,
se o mudo puder falar,
Se a chuva chover pra cima,
se barata for grã-fina,
Quando o embaixador for em cima,
Cantador vai se calar.
Cabeça de papel!
Deixa de moleza
E cuida da natureza!
Quem derrubou a mata?
Quem os peixes mata?
Quem polui o mar?
E envenena o ar?
Um, dois, três, quatro!
Salva peixe,
salva bicho,
Salva gente,
Salva mato!
Cinco, seis, sete e oito!
Depois da vigília
Café com biscoito.
Era
uma casa...
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero
Vinicius de Moraes
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero
Não
me chega esta Terra...
«Não esteja na lua
desça à Terra.»
E o menino a replicar:
«Não me chega esta Terra.»
«Seja realista, terra a terra.»
«Mas eu sou do tipo ar, ar.»
E os olhos do menino
já eram balões quando a professora
lhe ordenou que saísse.
Despediu-se da colega e disse:
«Conto estrelas em ti.»
Ao sair, deixou na mesa da professora
o mais bonito avião de papel
que se possa imaginar.
Era uma prenda desesperada
de um menino triste
por não a poder contagiar.
Na sala, um silêncio ficou suspenso
por palavras que também quiseram
voar.
Teresa Guedes
desça à Terra.»
E o menino a replicar:
«Não me chega esta Terra.»
«Seja realista, terra a terra.»
«Mas eu sou do tipo ar, ar.»
E os olhos do menino
já eram balões quando a professora
lhe ordenou que saísse.
Despediu-se da colega e disse:
«Conto estrelas
Ao
o mais bonito avião de papel
que se possa imaginar.
Era uma prenda desesperada
de um menino triste
por não a poder contagiar.
Na sala, um silêncio ficou suspenso
por palavras que também quiseram
voar.
Cavalinho
branco
À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!
Cecília Meireles
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!
Rosa,
de pétalas de cetim...
Jasmim! Jasmim! Jasmim!
Queres morar no meu jardim?
Diz que sim! Diz que sim!
Queres que te leve o tufão?
Diz que não! Diz que não!
Queres que te colha a Inês?
Diz talvez! Diz talvez!
Jasmim! Jasmim! Jasmim!
Tens pétalas de cetim?
És branquinho e não carmim?
Tens aromas só para mim?
- Sim!
Rosa Lobato de Faria
Queres morar no meu jardim?
Diz que sim! Diz que sim!
Queres que te leve o tufão?
Diz que não! Diz que não!
Queres que te colha a Inês?
Diz talvez! Diz talvez!
Jasmim! Jasmim! Jasmim!
Tens pétalas de cetim?
És branquinho e não carmim?
Tens aromas só para mim?
- Sim!
O
Menino de Jesus Nasceu...
O Menino está deitado
Nas palhinhas a chorar
Treme de frio, coitado
Que a neve baila no ar.
Quem virá para o aquecer?
Quem se chega à sua beira?
Dar-lhe um manto de abafar
Ou calor de uma fogueira.
Vem o pastor a aquecê-lo
Vem o pastor com seu anho
A dar-lhe um manto de pêlo
Das ovelhas do rebanho.
Mas o menino 'inda chora!
Não lhe dá calor o manto
E vai-se o pastor embora
Sem poder calar-lhe o pranto.
Vem uma serrana e logo
Julga aquecer o Infante
Traz brasas, traz lume, traz fogo,
Vai calar-se num instante.
Mas o menino, 'inda chora!
O frio que sente é tanto!
E vai-se a serrana embora
Sem poder calar-lhe o pranto.
Vem depois um pequenino
Que traz nas mãos? Não traz nada!
Vem aquecer o menino
Trazido pela geada!
Chega junto à manjedoura
Dá-lhe um beijo. Que acontece?
Já tem calor, já não chora.
E então Jesus adormece.
CoolKids
Nas palhinhas a chorar
Treme de frio, coitado
Que a neve baila no ar.
Quem virá para o aquecer?
Quem se chega à sua beira?
Dar-lhe um manto de abafar
Ou calor de uma fogueira.
Vem o pastor a aquecê-lo
Vem o pastor com seu anho
A dar-lhe um manto de pêlo
Das ovelhas do rebanho.
Mas o menino 'inda chora!
Não lhe dá calor o manto
E vai-se o pastor embora
Sem poder calar-lhe o pranto.
Vem uma serrana e logo
Julga aquecer o Infante
Traz brasas, traz lume, traz fogo,
Vai calar-se num instante.
Mas o menino, 'inda chora!
O frio que sente é tanto!
E vai-se a serrana embora
Sem poder calar-lhe o pranto.
Vem depois um pequenino
Que traz nas mãos? Não traz nada!
Vem aquecer o menino
Trazido pela geada!
Chega junto à manjedoura
Dá-lhe um beijo. Que acontece?
Já tem calor, já não chora.
E então Jesus adormece.
O Inverno está a chegar...
Cai a chuva
ping... ping...
Sopra o vento
cai a chuva
vum... vum...
ping... ping...
Cai a neve
sopra o vento
cai a chuva
floc... floc...
vum... vum...
ping... ping...
Lourdes Custódio
ping... ping...
Sopra o vento
cai a chuva
vum... vum...
ping... ping...
Cai a neve
sopra o vento
cai a chuva
floc... floc...
vum... vum...
ping... ping...
Pinheirinho
Pinheirinho, pinheirinho
De ramos verdinhos
P'ra enfeitar, p'ra enfeitar
Bolas, bonequinhos.
Uma bola aqui
Outra acolá
Luzinhas que tremem
Que lindo que está.
Olha o Pai Natal
De barbas branquinhas
Traz o saco cheio
De lindas prendinhas.
Pinheirinho, pinheirinho
De ramos verdinhos
P'ra enfeitar, p'ra enfeitar
Bolas, bonequinhos.
Canção Popular
De ramos verdinhos
P'ra enfeitar, p'ra enfeitar
Bolas, bonequinhos.
Uma bola aqui
Outra acolá
Luzinhas que tremem
Que lindo que está.
Olha o Pai Natal
De barbas branquinhas
Traz o saco cheio
De lindas prendinhas.
Pinheirinho, pinheirinho
De ramos verdinhos
P'ra enfeitar, p'ra enfeitar
Bolas, bonequinhos.
Boneco
de Neve
Enquanto a mamã esfregava
o frio dos pés
com rugas de Inverno prematuro
e o papá porque o era de corpo inteiro
puxava o pingo teimoso do nariz,
o menino brincava
porque sim...
Era por isso que a neve caía no quintal
e o menino desenhava
sobre o tapete branco
com um pau de giz
sem se dar conta que os riscos profundos
arrepiavam o pêlo
do Gató com assento
no Inverno
(No Inverno dos Gatós, claro está, que só começa
em Dezembro.)
Mas depressa se fartou:
fez um boneco de neve,
pôs-lhe o chapéu do papá a vapor
que o tornou ainda mais leve.
A vida é assim! – diz a mamã –
o que tem de ser será amanhã,
se não for hoje.
E foi aí que o menino percebeu
que o chafariz do boneco era uma cenoura
para acabar com o pinga-pinga do nariz do papá.
E teve de ficar sem pés, o boneco de neve,
que o menino os comeu com sabor a chocolate
por causa do Inverno frio
como espinhos de porco
nos pés da mamã.
Por essa razão é que o abominável boneco-tão-lindo
quis a vassoura da praxe
que o céu dos bonecos castigou
fazendo crescer no chapéu uma daquelas minhocas
que os adultos têm escondidas na cabeça
para certas teimosias.
Está visto que isso não aqueceu o Inverno
nos pés da mamã,
nem secou o chafariz do papá.
Ah! – suspirou o menino.
Que lindo que o boneco está!
O que ele não seria
se tivesse nevado de verdade.
Sousa Rutra
o frio dos pés
com rugas de Inverno prematuro
e o papá porque o era de corpo inteiro
puxava o pingo teimoso do nariz,
o menino brincava
porque sim...
Era por isso que a neve caía no quintal
e o menino desenhava
sobre o tapete branco
com um pau de giz
sem se dar conta que os riscos profundos
arrepiavam o pêlo
do Gató com assento
no Inverno
(No Inverno dos Gatós, claro está, que só começa
em Dezembro.)
Mas depressa se fartou:
fez um boneco de neve,
pôs-lhe o chapéu do papá a vapor
que o tornou ainda mais leve.
A vida é assim! – diz a mamã –
o que tem de ser será amanhã,
se não for hoje.
E foi aí que o menino percebeu
que o chafariz do boneco era uma cenoura
para acabar com o pinga-pinga do nariz do papá.
E teve de ficar sem pés, o boneco de neve,
que o menino os comeu com sabor a chocolate
por causa do Inverno frio
como espinhos de porco
nos pés da mamã.
Por essa razão é que o abominável boneco-tão-lindo
quis a vassoura da praxe
que o céu dos bonecos castigou
fazendo crescer no chapéu uma daquelas minhocas
que os adultos têm escondidas na cabeça
para certas teimosias.
Está visto que isso não aqueceu o Inverno
nos pés da mamã,
nem secou o chafariz do papá.
Ah! – suspirou o menino.
Que lindo que o boneco está!
O que ele não seria
se tivesse nevado de verdade.
Ó-ó, ó-ó...
Se tu fosses um peixinho
Não te tirava do mar,
Nada, nada, nada...
Nada, nada, nada...
Se tu fosses um passarinho
Tirava-te da gaiola,
Voa, voa, voa...
Voa, voa, voa...
Se tu fosses uma estrela
Ia ter contigo ao céu
Brilha, brilha, brilha...
Brilha, brilha, brilha...
Mas tu és eu e eu sou tu
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...
Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...
E agora somos um só
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...
Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...
Nuno Rodrigues
Se tu fosses um peixinho
Não te tirava do mar,
Nada, nada, nada...
Nada, nada, nada...
Se tu fosses um passarinho
Tirava-te da gaiola,
Voa, voa, voa...
Voa, voa, voa...
Se tu fosses uma estrela
Ia ter contigo ao céu
Brilha, brilha, brilha...
Brilha, brilha, brilha...
Mas tu és eu e eu sou tu
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...
Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...
E agora somos um só
E vamos fazer ó-ó, ó-ó...
Dorme, dorme, dorme...
Dorme, dorme, dorme...
Lua
Cheia
Mãe, a Lua está tão cheia!
Tão cheia!
Não se vai entornar?
A mãe abraçou o filho
Com seus braços de Lua Nova
Com seu coração de Quarto Crescente
E contou-lhe devagarinho
A história do Quarto Minguante.
Dorme meu menino a estrela
d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer
José Afonso
Tão cheia!
Não se vai entornar?
A mãe abraçou o filho
Com seus braços de Lua Nova
Com seu coração de Quarto Crescente
E contou-lhe devagarinho
A história do Quarto Minguante.
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer
As
Fadas
Do seu longínquo reino
cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem,
luzindo.
Papoulas a coroam, e,
cobrindo
Seu corpo todo, a tornam
misteriosa.
À criança que dorme chega
leve,
E, pondo-lhe na fronte a
mão de neve,
Os seus cabelos de ouro
acaricia -
E sonhos lindos, como
ninguém teve,
A sentir a criança
principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um
cortejo forma:
Cavalos e soldados e
bonecas,
Ursos e pretos, que vêm,
vão e tornam,
E palhaços que tocam em
rabecas...
E há figuras pequenas e engraçadas...
Que brincam e dão saltos e
passadas...
Mas vem o dia, e, leve e
graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor
das fadas
Ao seu longínquo reino
cor-de-rosa.
Fernando Pessoa
E todos os brinquedos se transformam
E há figuras pequenas e engraçadas...
Beija...
beija...
É o beija-flor
que beija a flor
ou é a flor
que beija o beija-flor?
José Paulo Paes
que beija a flor
ou é a flor
que beija o beija-flor?
Cantiga
da Babá
Eu queria pentear o menino
como os anjinhos de
caracóis.
Mas ele quer cortar o
cabelo,
porque é pescador e precisa
de anzóis.
Eu queria calçar o menino
com umas botinhas de cetim.
Mas ele diz que agora é sapinho
e mora nas águas do jardim.
Eu queria dar ao menino
umas asinhas de arame e
algodão.
Mas ele diz que não pode
ser anjo,
pois todos já sabem que ele
é índio e leão.
.
(Este menino está sempre
brincando,dizendo-me coisas assim.
Mas eu bem sei que ele é um
anjo escondido,um anjo que troça de mim.)
Cecília Meireles
Eu queria dar ao menino
Chove...
chove...
Chovem duas chuvas:
de água e de jasmins
por estes jardins
de flores e nuvens.
Sobem dois perfumes
por estes jardins:
de terra e jasmins,
de flores e chuvas.
E os jasmins são chuvas
e as chuvas, jasmins,
por estes jardins
de perfume e nuvens.
Cecília Meireles
de água e de jasmins
por estes jardins
de flores e nuvens.
Sobem dois perfumes
por estes jardins:
de terra e jasmins,
de flores e chuvas.
E os jasmins são chuvas
e as chuvas, jasmins,
por estes jardins
de perfume e nuvens.
A
Bailarina
Esta
menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Olavo
Bilac
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Gatinho versus
senhor mosquito
O mosquito voou,
bem perto do gatinho.
Este irritado ficou,
e o nocateou.
Uma patada de direita,
outra de esquerda,
e o senhor mosquito se mandou.
O gatinho com cara de bobo ficou.
Mas o senhor mosquito deve,
muito mais atento ficar,
com um felino no pedaço,
é melhor pra bem longe voar.
Kunti/Elza Ghetti Zerbatto
A Boneca
Deixando
a bola e a peteca,
Com
que inda há pouco brincavam,
Por
causa de uma boneca,
Duas
meninas brigavam.
Dizia
a primeira : “É minha!”
—
“É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem
a boneca largava.
Quem
mais sofria (coitada!)
Era
a boneca. Já tinha
Toda
a roupa estraçalhada,
E
amarrotada a carinha.
Tanto
puxavam por ela,
Que
a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo
a estopa amarela
Que
lhe formava o recheio.
E,
ao fim de tanta fadiga,
Voltando
a bola e a peteca,
Ambas,
por causa da briga,
Ficaram
sem a boneca ...
bem perto do gatinho.
Este irritado ficou,
e o nocateou.
Uma patada de direita,
outra de esquerda,
e o senhor mosquito se mandou.
O gatinho com cara de bobo ficou.
Mas o senhor mosquito deve,
muito mais atento ficar,
com um felino no pedaço,
é melhor pra bem longe voar.
Kunti/Elza Ghetti Zerbatto
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